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Para ela, é um recado para "aproveitarmos as pessoas quando a gente ainda as tem, principalmente os adolescentes que brigam direto com os pais"
Meses depois da morte do pai, Júlia encontrou em seu celular uma lista de coisas que ele queria fazer
Ramon do Vale Vicente, natural de Cataguases, morreu em dezembro de 2019 e deixou uma lista de coisas para fazer quando saísse do hospital. Para a filha Júlia, de 16 anos, realizar as tarefas e desejos listados é uma forma de ter o pai por perto.
Era aniversário do pai, o primeiro em que Júlia teria só sua lembrança para celebrar. Naturalmente, a adolescente de 16 anos reuniu a caixa de coisas que tinha dele: roupas com seu cheiro, celular, o perfume que ele usava e algumas cartas. No celular, ela abriu um aplicativo que não havia aberto antes: o de notas. O que viu a fez chorar.
Vinte e seis planos, e uma nova linha que ele nunca completou.
No dia 21 de dezembro do ano passado, o mineiro Ramon do Vale Vicente morreu aos 53 anos. Foram dois anos lutando contra a leucemia. Deixou a filha Júlia, de 16 anos, mãe, irmão e a ex-mulher Fernanda, de quem se reaproximou nos últimos anos de vida, e que aparece na lista como alguém de quem ele queria "cuidar", assim como ela fez com ele, passando meses no hospital ao seu lado.
Emocionada com o que encontrou no celular do pai em setembro, meses depois de sua morte, Júlia postou a lista no Twitter.
"Por isso que eu falo, aproveitem. Encontrei essa lista q meu pai escreveu no hospital antes de morrer", escreveu. "Podem ter certeza que eu irei realizar toda essa lista do meu papai!! E eu tenho certeza que ele vai estar junto comigo nesses momentos especiais!!!". A publicação recebeu 145 mil curtidas e quase 15 mil retuítes.
Para ela, é um recado para "aproveitarmos as pessoas quando a gente ainda as tem, principalmente os adolescentes que brigam direto com os pais".
"Quando a gente perde, é horrível. Acho que as pessoas deveriam aproveitar enquanto podem, ainda mais agora em tempos de pandemia. A gente tem que aproveitar quem a gente ama, passar mais tempo, curtir, contar as coisas, aproximar mais… Todo mundo está muito afastado de todos", diz ela, que quer completar a lista em homenagem ao pai (leia mais abaixo).
A ex-mulher Fernanda, de 47 anos, acrescenta: "É importante também que, para isso, as pessoas se mobilizem para a doação de medula e de sangue para quem precisa".
"Fizemos campanha para doação de medula, coleta com parentes mais próximos para ver quem era compatível", conta Fernanda. A filha, Júlia, era 50% compatível, o que permitiria que uma técnica inovadora de transplante de medula fosse feita. "Estava tudo preparado, a autorização para ela doar, tudo. Estávamos só esperando a última quimioterapia, que ele precisava para receber a medula."
Mas Ramon não resistiu. Em 21 de dezembro de 2019, faleceu.
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